Marina criticou Bolsonaro por queimadas e agora culpa “criminosos”

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nesta semana que o país está vivendo um “terrorismo climático” e que os incêndios no Brasil têm origem criminosa. Ela também relacionou a atual situação com o chamado “dia do fogo”, registrado em 2019 com uma série de incêndios criminosos no Pará.

Apesar de agora atribuir as queimadas a criminosos, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a ministra culpou a política ambiental e chegou a comparar os incêndios ao Holocausto, o genocídio de judeus durante a 2ª Guerra Mundial.

Neste ano, o Brasil registrou 58.542 focos de incêndio a mais do que o mesmo período em 2019, período do governo Bolsonaro que recebeu mais críticas da ministra Marina Silva.

Levantamento feito pelo Poder360 mostra que a ministra do Meio Ambiente criticou ao menos 10 vezes o governo Bolsonaro e o então ministro Ricardo Salles (Novo) por conta dos registros de queimadas e de desmatamento durante o período.

Em artigo publicado pelo jornal El País em 21 de agosto de 2019, Marina citou o Holocausto e disse que as queimadas na Amazônia se davam por uma “mistura de ignorância com interesses truculentos”. Embora a ativista tenha atribuído os incêndios na floresta totalmente ao governo Bolsonaro, foi sob a sua gestão que a Amazônia registrou, em agosto de 2024, o maior número de queimadas para o período desde 2005.

À época, Marina também deu uma série de entrevistas criticando Salles e o Ministério do Meio Ambiente. Disse que as pessoas que causaram os incêndios foram “estimuladas” pelo governo. Em contrapartida, durante o seu comando, ela responsabilizou uma suposta “aliança criminosa” pelas queimadas e disse que a sociedade também deveria “se responsabilizar”.

Leia algumas das críticas de Marina ao governo Bolsonaro:

As declarações da ativista contra Bolsonaro e Salles não se limitaram às queimadas. Marina também criticou o ministro por seu distanciamento das causas ambientalistas e por sua famosa frase sobre “ir passando a boiada”, dita em reunião ministerial em 2020.

Leia abaixo mais críticas da ministra:

  • 13.fev.2019 – “O ministro do Meio Ambiente não sabe da relevância de Chico Mendes por motivos óbvios: não é ambientalista e é desinformado. Chico faz parte do Panteão da Pátria e é reconhecido mundialmente. Apesar da ignorância de Salles, a luta de Chico permanece viva!”;
  • 20.set.2019 – “Ele [Jair Bolsonaro] deveria fazer 1 pedido de desculpas global por tudo que tem feito de ruim contra a proteção das florestas, contra os esforços que vêm sendo feitos pelos acordos globais”;
  • 21.out.2019 – “Não há como estimar os prejuízos do óleo que atinge os Estados do Nordeste. As consequências são terríveis para o ecossistema marinho, turismo e populações locais. Falta transparência, agilidade e compromisso do governo para lidar com a situação grave”;
  • 25.dez.2019 – “A medir pela forma irresponsável como o governo vem se comportando diante dessas tragédias, não vejo que tenha acontecido nenhum aprendizado. Ele [Jair Bolsonaro] continua dizendo que a política ambiental brasileira está maravilhosa. Se não reconhece a realidade e a gravidade que a compõe, não vejo que tenha aprendizado algum. É uma atitude arrogante dizer que não teve problemas”;
  • 19.mai.2020 – “A coisa mais irrelevante que ele [Ricardo Salles] fez foi ir para o Ministério do Meio Ambiente. É o 1º ministro antiambientalista […] Desmontou a governança ambiental e dá sinais o tempo todo de favorecimento aos que praticam grilagem, desmatamento ilegal e invadem terra de índio”;
  • 10.jun.2020 – “O problema é que Salles é o operador, é o vassalo do Bolsonaro. Bolsonaro é negacionista. Eles tentam esconder a situação dramática da pandemia, tenta esconder os dados”;
  • 19.nov.2020 – “O ministro da boiada, Ricardo Salles, bota a raposa para cuidar do galinheiro. E tem gente que ainda acha que esse é o governo da moralidade. Esse absurdo não pode passar impune”;
  • 7.mai.2021 – “Na prática, o governo dele [Jair Bolsonaro] foi o que mais registrou aumento de desmatamento nos últimos anos e foi responsável pela destruição de um terço das florestas virgens no mundo”;
  • 4.jan.2023 – “Boiadas passaram no lugar onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental. O estrago não foi maior porque as organizações da sociedade e os servidores públicos, vários parlamentares que se colocaram à frente de todo esse processo de desmonte e, sobretudo, servidores públicos e também setores do Judiciário, junto a uma sociedade corajosa, se colocaram à frente como verdadeiros anteparos da resistência da luta ambiental brasileira”.

QUEIMADAS

De 1º de janeiro a 20 de setembro, o Brasil já registrou 192 mil focos de incêndios, segundo dados do BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número é o maior para o período desde 2010 e já representa um aumento de 97% quando comparado a 2023.

O mês de agosto também foi considerado o pior desde 2010. De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o Brasil enfrenta a pior seca desde o início dos registros da série histórica, em 1950.

O Cemaden enviou ao Poder360 mapas que mostram o avanço da seca nos últimos 13 anos. Em 2024, é possível ver que o fenômeno atingiu uma área maior do território nacional e de maneira mais grave.

Como forma de combater os incêndios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma MP (medida provisória) que libera R$ 514 milhões para apagar as chamas no país. Além disso, o petista também falou em utilizar as Forças Armadas para conter os crimes ambientais.

Como mostrado acima, a medida de utilizar militares também já foi criticada por Marina Silva. A ativista classificou a solução como “inócua”.

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