Depois de o Ministério de Minas e Energia anunciar que vai propor ao governo a volta do horário de verão para preservar o sistema elétrico com o agravamento da seca, o ministro Alexandre Silveira disse que a medida pode ajudar a manter o crescimento do país.
Silveira disse ao Poder360 que o relatório do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostrou crescimento de 5% na demanda por energia na indústria e comércio de agosto de 2023 a agosto de 2024.
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“É o resultado da volta do crescimento do país. Ao preservar as matrizes energéticas, o horário de verão auxilia também a manter o crescimento”, disse.
O CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), ligado ao ministério, foi quem produziu a recomendação. A decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Adotar o horário de verão vai ajudar no crescimento do país. Esse é um momento que vemos a economia demandando mais energia. A medida vai ajudar a alta do PIB”, reforçou Silveira.
Horário de verão
A possibilidade de volta do horário de verão por causa da seca foi antecipada pelo Poder360 em 11 de setembro. Em entrevista a este jornal digital, Silveira disse que o país enfrenta a pior estiagem dos últimos 94 anos e, por isso, nenhuma possibilidade pode ser descartada –incluindo o horário de verão.
Na ocasião, o ministro afirmou que, quando há risco de faltar energia, o horário de verão é 100% necessário, mas que o cenário atual não é esse. Por isso, o acionamento do mecanismo dependeria de uma conjugação de fatores. Ele avaliou que isso poderia ajudar a aliviar o sistema, diluindo o pico de consumo no início da noite, quando a fonte solar deixa de gerar.
Silveira explicou: “Quando se utiliza o horário de verão, dilui essa demanda e a necessidade do despacho de térmicas. Quando são liberadas do trabalho, as pessoas aproveitam mais o comércio, a praia e outras atividades com a luz do dia. Há um ganho no custo energético. E há também uma ampliação na segurança energética porque reserva mais capacidade térmica para utilizar em outros eventos”.
O horário especial foi criado pela 1ª vez, em 1931, no governo de Getúlio Vargas (1882-1954), ou de quando voltou de forma perene em 1985, na gestão José Sarney, depois de ficar anos sem ser adotado. Está suspenso desde 2019 por decisão do governo Jair Bolsonaro (PL).
O mecanismo é cercado de controvérsias, tanto na opinião popular como na de especialistas sobre sua eficácia em auxiliar o sistema elétrico. Analistas do setor elétrico afirmam que o horário especial não mais tem razão de existir atualmente por não trazer mais proteção ao sistema, motivo pelo qual foi criado, nem mesmo redução no consumo de energia.