A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou, nesta 3ª feira (9.jul.2024), que a CPI da Covid foi utilizada como palco para a legitimação de visões anticientíficas. Ela disse que “ouvir várias versões do fato” não deve ser a mesma coisa que colocar a ciência e “sandices” num mesmo patamar.
“A gente, muitas vezes, dá espaço para legitimar discursos que não deveriam ter lugar como tiveram na CPI da Covid, como se ali fosse tudo igual”, declarou durante participação no 76ª Conferência da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Nísia disse que não se pode “colocar toda sandice, loucura ou maluquice” para ocupar o mesmo espaço do discurso científico, dando a entender que isso foi feito durante a comissão.
Na CPI, realizada de abril a outubro de 2021, foram ouvidos integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a investigar supostas fraudes da gestão no combate à pandemia de coronavírus. O uso do “tratamento precoce” por meio de medicamentos, como ivermectina, e a “imunidade de rebanho” – todos sem comprovação científica de eficácia para a covid – foi discutido no Senado.
Na conferência da SBPC, a ministra falou também que há um predomínio da presença da direita nas redes sociais. Segundo ela, o campo político tem grande influência na disseminação de desinformação e de discursos anticientíficos.
A ministra declarou que a vacinação é um dos principais alvos das notícias falas, com grandes danos ao trabalho da Saúde. “Nós fomos em grande parte derrotados na vacinação de covid. Criou-se uma percepção de risco da vacina maior do que do risco da doença”.
“É uma guerra, nem sei se falar em guerra é a melhor forma de combater, mas o que vejo é que estamos muito aquém do que se faz nas redes pautado pela direita”, continuou.