O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoia oficialmente o atual prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (Psol). Este, entretanto, está muito atrás nas pesquisas. Até os mais otimistas acham difícil sua reeleição. Por isso, a estratégia neste momento é evitar acenos públicos diretos.
Com este cenário, o petista corre o risco de ter um bolsonarista comandando a cidade em 2025, ano da COP30, evento da ONU (Organização das Nações Unidas) para a mudança climática. É o maior evento sobre clima do planeta e Lula quer usá-lo como vitrine da Amazônia e do compromisso do governo com o meio ambiente.
Belém não entrou, por exemplo, na lista de destinos das viagens do presidente nas últimas semanas. O petista usou o período para visitar diversos municípios comandados por aliados para entregar obras e dar palanque a seus apadrinhados. Isso só poderia ser feito até 5 de julho.
A partir deste sábado (6.jul), entram em vigor restrições a candidatos ao pleito municipal de outubro. A Lei Eleitoral veda que prefeitos participem de eventos com entregas de obras, inaugurações e cerimônias do tipo. Ou seja, Lula não tem mais a oportunidade de impulsionar a candidatura de Edmilson.
A capital paraense está longe de ser uma cidade pouco importante para o governo federal, principalmente no próximo ano. Na prática, por conta disso, Lula está confiando na articulação política do bem avaliado e aliado governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
O nome indicado para a prefeitura por ele é o deputado estadual Igor Normando (MDB). Está empatado com Éder Mauro (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas pesquisas recentes.
A avaliação dos lulistas, entretanto, é que o teto do bolsonarista é baixo. Isso quer dizer que por conta de sua rejeição alta, não conseguirá ter fôlego de ir muito a mais do que apresenta nas pesquisas.
A ideia é de que a influência do ex-presidente em Belém não seria a mesma que tem no interior do Estado. Confiam no impacto positivo de Helder, que venceu a eleição em 2022 no 1º turno com 70,41% dos votos. A disputa entre Lula e Bolsonaro no 2º turno de 2022 na capital paraense, entretanto, foi apertada. O petista venceu por 50,28% a 49,72%. O risco de Eder Mauro ser bem-sucedido em 2024, portanto, não é desprezível.
O grupo dos Barbalhos quer levar Normando para o 2º turno e ter uma união natural em torno de seu nome contra a direita, contando com o apoio mais ativo de Lula. Dizem que o ritmo de trabalho da atual prefeitura está aquém do que precisa ser feito para a COP30, por isso o governador indicou um novo nome.
No Planalto, houve um impasse sobre se envolver mais diretamente ou não na campanha pelo atual prefeito. Já que os Barbalho também são aliados de 1ª hora do presidente.
Na última 5ª feira (4.jul.2024), o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, esteve em Belém. Participou de um evento chamado “Caravana Federativa” e gravou um vídeo com o atual prefeito. Além disso, também posou com o governador.
No Ver-o-Peso, com o atual prefeito, o ministro participou da assinatura da ordem de serviço para obras no principal cartão-postal da cidade. O vídeo foi para as redes sociais, mas a visita foi marcada por um problema no fornecimento de água do local.
“Levei o ministro de Lula, Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, para ver os avanços das obras do Ver-o-Peso. Fomos surpreendidos com a falta de água no local. Liguei para o presidente da Cosanpa e exigi que o problema fosse sanado urgentemente”, escreveu Edmilson em sua conta no X (antigo Twitter).
O próprio Lula não deve ir a Belém antes de meados de julho ou em agosto para fazer entregas do Minha Casa, Minha Vida. Até lá, a expectativa de aliados é que nenhum dos candidatos de oposição ao nome de Bolsonaro possa subir no palanque com o petista, mantendo a neutralidade no 1º turno.