O MPF (Ministério Público Federal) investiga a suposta omissão de agentes da PF (Polícia Federal) na operação Novo Cangaço, deflagrada em 2021 na cidade de Varginha (MG) pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar de Minas Gerais. A ação policial deixou 26 mortos.
Em fevereiro de 2024, a PF indiciou 39 policiais por crimes como homicídio, tortura e fraude durante a operação. Eis a íntegra do relatório (PDF – 3 MB). Segundo apurou o Poder360, os procuradores do MPF colhem indícios de suposto crime de prevaricação (quando um funcionário público deixa de exercer uma obrigação de seu ofício) por parte da corporação. O procedimento foi instaurado pelo órgão em 1º de março de 2024.
Nas vésperas da deflagração da operação, a superintendência da PF de Minas Gerais desistiu de participar da ação e recusou enviar os policiais. Além disso, teria recomendado que fosse realizada uma ação policial mais branda e direcionada.
No entanto, conforme apurou este jornal digital, há indícios de que os agentes da PF teriam participado do trabalho de inteligência antes da operação e sabiam da existência de um arsenal de guerra. Mesmo assim, não aceitaram participar da ação.
Depois da conclusão do relatório, o delegado da PF que indiciou os 39 policiais, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, foi nomeado como superintendente da Polícia Federal no Mato Grosso do Sul.
À época, a operação foi elogiada pelo então governo de Jair Bolsonaro (PL). A Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) usou as redes sociais para “celebrar” a ação policial.
O Poder360 entrou em contato com a Polícia Federal para questionar sobre a investigação do MPF, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
O CASO
Em 2021, segundo apurações da polícia, o grupo criminoso se preparava para roubar um banco em Varginha. Foram apreendidos um arsenal de guerra em 2 sítios alugados pelos bandidos. No relatório, a PF concluiu que esse armamento pesado foi plantado pelos policiais no local e que os suspeitos não empunhavam as armas no momento em que foram mortos.
Segundo a investigação da PF, os policiais que participaram da operação forjaram os disparos feitos pelas armas dos suspeitos. O relatório da corporação afirma que, durante a operação Novo Cangaço, aproximadamente 500 tiros foram disparados e só 20 foram atribuídos às armas dos suspeitos.