O Ministério da Previdência Social reconhece falhas no sistema Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social) que têm prejudicado o acesso de beneficiários a pedidos de aposentadoria e outros auxílios. A companhia pública é responsável por prover soluções digitais e de TI (Tecnologia da Informação) para programas usados pelo governo na administração de políticas sociais.
Benefícios previdenciários, BPC (Benefício de Prestação Continuada), abono salarial e seguro-desemprego estão entre as medidas cobertas. O Poder360 apurou que as falhas incluem vazamento de dados, o que tem feito a empresa ser chamada de “Vazaprev”.
As dificuldades causam problemas no enfrentamento da fila do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), especialmente no auge. Quedas no sistema também afetam a própria perícia médica: quando isso se dá, o perito não precisa voltar a fazer atendimentos no dia.
Pessoas que estavam há meses aguardando por atendimento e se submetem à avaliação médica também passavam para o fim da fila com falhas do sistema. Em 2020, o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), incluiu a Dataprev no Programa Nacional de Desestatização.
O secretário-executivo da Previdência, Wolney Queiroz, afirma que a tentativa de privatizar a Dataprev influencia teve consequência na qualidade dos serviços apresentados pela empresa pública.
“Sabemos que o sistema Dataprev tem tido falhas desde o início do ano passado, na nossa gestão. Precisamos lembrar que a Dataprev estava sendo preparada para ser vendida. O governo anterior deixou a obsolescência tomar conta do órgão para vender. O presidente [do Dataprev] Rodrigo Assumpção tem feito um trabalho para readequar todo o parque tecnológico e conseguir suprir essas coisas. Essas falhas são inegáveis, mas são uma circunstância”, declarou ao Poder360.
Wolney disse que Assumpção é uma “pessoa muito séria e comprometida”. A Previdência pediu ao governo mais investimentos.
Conforme apurou o Poder360, houve uma solicitação de empréstimo ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de cerca de R$ 250 milhões no 2º semestre de 2023 para que parte do dinheiro fosse para o parque tecnológico do INSS. Uma parte iria para a infraestrutura do Ministério da Previdência e a maior fatia para modernizar a Dataprev.
O financiamento, contudo, não foi concedido e haverá uma nova tentativa.
O Poder360 também entrou em contato com o INSS e a Dataprev para saber se tinham interesse em se manifestar sobre o assunto, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.