O Ministério da Defesa e as Forças Armadas devem ignorar o aniversário de 60 anos do golpe militar de 1964, assim como o resto do governo. Além de não haver nenhum evento em alusão à data, as instituições militares não farão sequer postagens sobre o tema. Ainda não é certo, entretanto, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) citará a data em suas contas oficias nas redes sociais.
Segundo apurou o Poder360, os militares veem com bons olhos a discrição com que o governo petista tratará o tema em 2024. Seria mais um passo de Lula na direção de melhorar sua relação com a caserna.
O presidente teria sido informado que as Forças Armadas e o Ministério da Defesa não fariam nada em alusão aos 20 anos do golpe militar e estão satisfeitos com a posição de Lula de seguir a mesma toada com o resto do governo.
O golpe militar de 1974 completa 60 anos neste domingo (31.mar.2024). A ditadura durou 21 anos. Terminou em março de 1985, quando José Sarney tomou posse na condição de vice de Tancredo Neves (1910-1985), que morreu sem ter assumido a Presidência da República.
Ao final do 1º ano do mandato de Lula, a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, anunciou que promoveria diversos eventos para marcar os 60 anos do golpe militar de 1964. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também disse que realizaria iniciativas pela preservação da memória, da verdade e da luta pela democracia e justiça social.
No entanto, já em 2024 e perto do aniversário do início da ditadura, o presidente Lula mandou o ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, cancelar ato que seria realizado no Museu da República. O evento relembraria os “perseguidos” durante o período. A ordem do petista seria para evitar tensões com os militares e minimizar o destaque para a data.
Em 28 de fevereiro, Lula disse querer evitar “remoer o passado” e que os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro causam mais preocupação que a lembrança da tomada de poder pelos militares em 1964.
“Vou tratar [os 60 anos] da forma mais tranquila possível. Estou mais preocupado com o golpe de janeiro de 2023 do que com o de [19]64. Isso há fez parte da história, já causou sofrimento, o povo já reconquistou o direito democrático. Os militares, hoje no poder, eram crianças naquele tempo. Alguns nem eram nascidos”, declarou em entrevista à RedeTV!.
Na 4ª feira (27.mar), o chefe do Executivo disse ter “carinho” pelas Forças Armadas e classificou os militares como “altamente qualificados” para garantir a paz. A declaração foi dada ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, em cerimônia de lançamento do submarino Tonelero, em Itaguaí.
“Esse carinho que temos com a Marinha, que nós temos com a Força Aérea Brasileira, com a Aeronáutica e com o Exército brasileiro, porque um país do tamanho do Brasil precisa ter Forças Armadas altamente qualificadas, altamente preparadas ao ponto de dar respostas e garantir a paz quando nosso país precisar”, disse o petista em aceno aos militares.
PT
O partido do presidente Lula disse que vai apoiar atos que relembrem a ditadura no Brasil –o golpe militar de 1964 completa 60 anos em 31 de março.
O PT declarou, em nota, que, “às vésperas do dia de memória dos 60 anos do golpe de Estado de 1964”, é importante reafirmar o “compromisso com a defesa da democracia no país, valor presente no DNA originário do partido desde sua fundação”. Por isso, a sigla “apoiará e participará dos atos e manifestações da sociedade previstos para 31 de março e 1º de abril em diversos pontos do país, além das atividades organizadas por sua fundação, a Fundação Perseu Abramo”.
Ao decidir “ignorar” a data, Lula busca evitar tensões com militares e minimizar o destaque dado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) ao 31 de março. O ex-presidente comemorou a data todos os anos de sua gestão, de 2019 a 2022.
Lula quer apaziguar as relações do seu governo com militares das Forças Armadas e seus apoiadores —que, em sua maioria, são críticos à presença dos fardados no governo. Segundo apurou o Poder360, o presidente pediu que a data seja tratada com “serenidade” por todos.