Pesquisa Datafolha divulgada nesta 6ª feira (29.mar.2024) mostra que 65% dos brasileiros acham que os atos do 8 de Janeiro foram uma manifestação de vandalismo. Outros 30% dizem que se tratou de uma tentativa de golpe.
A empresa ouviu 2.002 pessoas de 19 a 20 de março de 2024 em 147 cidades brasileiras. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Integrantes da esquerda costumam dizer que os ataques à Praça dos Três Poderes em janeiro de 2023 foram uma tentativa de golpe. Também associam os atos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Eis alguns exemplos:
- ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu (PT) – “No dia 8 de janeiro de 2023 houve uma tentativa de dar um golpe militar, comandada por Jair Bolsonaro”, declarou em 23 de março;
- presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) – disse em 19 de março que o ex-presidente “mentiu sobre a vacina, mentiu sobre as joias roubadas, as urnas eletrônicas, sobre a conspiração do golpe e o 8 de Janeiro”;
- presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – “Estou mais preocupado com o golpe de janeiro de 2023 do que com o [militar] de 1964″, afirmou em 27 de fevereiro.
Os números do Datafolha indicam que o pensamento da maioria dos entrevistados é diferente daqueles defendidos pela esquerda.
Sobre uma possível anistia aos envolvidos nos atos radicais, 63% rejeitam e 31% se declaram a favor do perdão. Outros 2% se disseram indiferentes, e 4% não souberam opinar.
Durante ato público em São Paulo, em 25 de fevereiro, Bolsonaro defendeu a anistia dos “pobres coitados” presos no 8 de Janeiro, quando os prédios públicos do Executivo, Legislativo e Judiciário foram invadidos e depredados.
“Nós já assistimos no passado quem fez barbaridade no Brasil. Agora, nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja feita justiça no nosso Brasil”, declarou Bolsonaro na época. O ex-presidente afirmou que quem depredou o patrimônio público deve pagar, mas que as penas aplicadas “fogem ao mínimo da razoabilidade”.
Em 13 de março, a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia declarou que ter uma anistia concedida “não parece ser o caso” dos presos envolvidos no 8 de Janeiro. À GloboNews, ela disse que o mecanismo deve ser usado apenas em um “sentido humanitário” em penas consideradas “indevidas”.
A magistrada afirmou: “A anistia, portanto, é um instrumento que vem para dar um caráter humanitário para determinadas situações, para penas consideradas indevidas ou desumanas. Não me parece ser o caso [dos envolvidos no 8 de Janeiro]. Mas, se um pedido vier ao STF, será judicializado. Não há assunto proibido”.
O Poder360 entrou em contato com o Datafolha em busca da íntegra da pesquisa realizada em 19 e 20 de março. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.