O ex-comandante da FAB (Força Aérea Brasileira) Carlos de Almeida Baptista Júnior relatou à PF (Polícia Federal) que o então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, ficou “atônito” ao saber da recusa de militares de alta cúpula em integrar um suposto golpe de Estado.
O depoimento, prestado em 17 de fevereiro, teve o sigilo derrubado nesta 6ª feira (15.mar.2024) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eis a íntegra (PDF – 5 MB).
O encontro entre Baptista e Heleno se deu em São José do Campos (SP), na formatura do neto do então ministro do GSI no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) em 16 de dezembro de 2022.
Ao final da cerimônia, Heleno teria procurado o ex-comandante para perguntar se poderia voltar no avião da FAB para Brasília. O motivo seria uma reunião de urgência com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia seguinte.
Baptista declarou que, ao estranhar a urgência da reunião, agendada para o fim de semana, chamou Heleno para conversar em uma sala reservada.
Durante o diálogo, ele afirmou “de forma categórica ao general Heleno que a Força Área Brasileira (FAB) não anuiria com qualquer movimento de ruptura democrática”. Disse ter pedido ao militar para repassar a mensagem para Bolsonaro, uma vez que não foi convidado para a reunião.
Com a resposta, segundo ele, Heleno “ficou atônito e desconversou sobre o assunto”.