O presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, disse em depoimento à PF (Polícia Federal) ter sido pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por deputados do partido para ajuizar a ação contra as urnas eletrônicas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) depois do 2º turno das eleições. Eis a íntegra do depoimento (PDF – 9 MB).
A declaração de Valdemar é referente à ação do PL que pediu que o TSE invalidasse votos registrados em 279 mil urnas no 2º turno. O partido afirmou haver irregularidades nos equipamentos e que, se fossem excluídos, o atual chefe do Executivo teria vencido a disputa ao Planalto em 2022 por 51,05%.
Ao questionar no tribunal mais da metade das urnas eletrônicas usadas nas eleições, o PL de Valdemar Costa Neto buscou uma maneira de garantir a permanência de Jair Bolsonaro no Planalto sem colocar em risco os 99 deputados federais e os 8 senadores eleitos em 2022.
No entanto, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido e condenou a coligação de Bolsonaro ao pagamento de multa de R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé (quando a provocação ao Judiciário se dá de maneira abusiva, distorcendo fatos ou usando o processo para conseguir um objetivo ilegal).
O depoimento de Valdemar à PF teve o sigilo quebrado por Moraes nesta 6ª feira (15.mar.2024). Além do presidente do PL, o ministro também liberou os depoimentos de ex-ministros do governo Bolsonaro e de militares da ativa sobre o suposto plano de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
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OPERAÇÃO TEMPUS VERITATIS
A PF deflagrou em 8 de fevereiro de 2024 a operação Tempus Veritatis (do latim, “Tempo da Verdade”) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo na Presidência da República.
Relatório da PF encaminhado ao STF afirma que Bolsonaro recebeu uma suposta minuta pedindo a prisão dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A minuta teria sido o objeto das reuniões convocadas por Bolsonaro no Palácio da Alvorada com integrantes do seu governo e militares da ativa.