Lançado em março de 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL), o Plano Nacional de Fertilizantes começa a sair do papel nesta 4ª feira (13.mar.2023) com o início da operação da 1ª nova fábrica do insumo desde a sua implantação. O projeto é fruto de um investimento de US$ 1 bilhão da EuroChem, gigante mundial do setor de origem russa e sediada na Suíça.
O plano tem como objetivo central aumentar a produção brasileira de fertilizantes em 50% até 2050. Atualmente, mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura são importados. A meta é chegar até a metade do século com uma produção nacional capaz de atender de 45% a 50% da demanda interna, além de criar oportunidades e empregos para os brasileiros.
O novo complexo inclui uma mina de fosfato, fábricas de insumos e unidade misturadora com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano. A planta foi erguida no município de Serra do Salitre (MG), na região do Triângulo Mineiro, e será voltada 100% para o atendimento do mercado nacional.
A inauguração nesta 4ª (12.mar) contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem defendido a aceleração do plano nacional e novas fábricas nacionais de fertilizantes. O presidente tem ensaiado uma aproximação com o agronegócio e pretende fazer anúncios para o setor em suas próximas viagens.
Também participam do evento o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB); o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
A nova fábrica deve aumentar em 15% a produção nacional de fertilizantes fosfatados quando estiver totalmente em operação. Trata-se de um insumo químico fundamental para o crescimento das plantas, sendo um dos 3 principais tipos ao lado dos nitrogenados e potássicos.
O projeto de mineração foi comprado em 2021 por US$ 450 milhões da norueguesa Yara Fertilizantes. A obra foi retomada em julho de 2022 pela EuroChem, que investiu cerca de US$ 500 milhões para concluir o empreendimento.
Essa será a 1ª unidade de mineração e fabricação integral de fertilizantes do Grupo EuroChem fora da Europa. A companhia já opera no Brasil com 21 misturadoras (12 que foram compradas da Heringer e 9 da Fertilizantes Tocantins), que são plantas que misturam as matérias-primas recebidas para distribuição regional.
Ao Poder360, o diretor-presidente da EuroChem na América do Sul, Gustavo Horbach, disse que a produção local dará grande produtividade para o Brasil e os consumidores atendidos. Ele explica que a fabricação nacional de fertilizantes tem desafios naturais.
“Temos uma disponibilidade restrita de minerais que permitiriam uma maior produção de fertilizantes no Brasil. São poucas as minas de fosfato que são lavráveis e poucas as de potássio facilmente exploráveis. Então o custo de capital para novas plantas é alto e temos uma dependência de importação de 85% de todos os fertilizantes”, diz.
De acordo com Horbach, o investimento reduzirá a dependência de importações de fertilizantes do Brasil. Também vai permitir uma maior atuação da empresa com fosfatados, uma vez que a maior parte da sua produção global hoje é de fertilizantes com base de nitrogênio e potássio.
A mina de rocha fosfática da Serra do Salitre tem teor de fosfato de aproximadamente 4%. Depois da extração, a rocha passa por processo de beneficiamento em que é produzido um concentrado que tem 33% de fosfato.
Além do beneficiamento da rocha, o complexo conta com fábricas de ácido sulfúrico e fosfórico, que serão adicionados ao concentrado na unidade de mistura. Durante a fase de construção, 3.000 pessoas trabalharam na obra. Depois que entrar em operação, o complexo deve empregar 1.000 trabalhadores diretos e criar outras 300 vagas indiretas, segundo a EuroChem.
O repórter Geraldo Campos Jr viajou para Serra do Salitre (MG) a convite da EuroChem.