Depois de a 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) ter condenado a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos de prisão, a defesa da congressista pediu nesta 5ª feira (15.mai.2025) pela revisão da pena e absolvição dela no caso de tentativa de invasão hacker contra o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Os advogados dizem não haver fatos concretos que relacionem Zambelli às ações do hacker “Vaza Jato”, Walter Delgatti, também acusado pela PGR (Procuradoria Geral da República) de tentar invadir o site do conselho para emitir um falso mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes contra o próprio magistrado.
Delgatti é acusado pelos advogados da deputada de ser mitomaníaco (mentiroso compulsivo). Dizem que ele prestou depoimentos contraditórios às autoridades e que Zambelli não incentivou ou aconselhou o hacker a praticar os atos criminosos.
“Diante de seu comportamento pretérito e de sua conduta social, suas palavras devem ser desconsideras, já que Walter Delgatti Neto é verdadeiro mitômano que tem na mentira prática corriqueira”, afirma a defesa da deputada. Leia a íntegra da nota (PDF – 2 MB).
ENTENDA
Na 4ª feira (14.mai), a 1ª Turma do STF condenou por unanimidade Carla Zambelli. Segundo a acusação da PGR (Procuradoria Geral da República), a congressista comandou a invasão do sistema do conselho para emitir um mandado de prisão para Moraes.
Relator do caso, Moraes votou pela perda do mandato de Zambelli, que deverá ser declarada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Ele determinou ainda a inelegibilidade da congressista por 8 anos.
Mesmo inelegível, Zambelli só perderá o mandato quando não houver mais possibilidade de recurso.
Delgatti foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão. Ambos deverão pagar R$ 2 milhões em indenização por danos materiais e morais coletivos.
RELEMBRE
A PF (Polícia Federal) indiciou em fevereiro de 2024 a Zambelli e o hacker. O objetivo das invasões seria inserir falsos alvarás de soltura e mandados de prisão contra Alexandre de Moraes, forjando sua assinatura. Eis a íntegra do relatório (PDF – 38 MB).
A congressista, segundo a defesa do hacker, teria pagado ao todo R$ 40.000 para invasão de “qualquer sistema do Judiciário”. Zambelli nega ter encomendado ou pago pelas invasões.
Em petição enviada à PF em novembro de 2023, a defesa da deputada reforçou a acusação de mitomania (compulsão por mentir) de Walter Delgatti Neto. Eis a íntegra (PDF – 1 MB).
Em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro, que reuniu deputados e senadores, em agosto de 2023, o hacker reafirmou que o pedido de ataque ao site havia sido feito pela deputada.
Ele também afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia prometido anistia caso cometesse algum ilícito.
Ariovaldo Moreira, advogado do hacker da “Vaza Jato”, afirmou também que Delgatti forneceu em depoimento à PF detalhes da sala onde esteve, no Ministério da Defesa, para auxiliar na produção de um relatório sobre fragilidades nas urnas eletrônicas.
Esta reportagem foi escrita pelo estagiário de jornalismo José Luis Costa sob a supervisão da editora-assistente Isadora Albernaz.