A PGR (Procuradoria Geral da República) manteve nesta 3ª feira (18.mar.2025) a denúncia contra mais 6 acusados de tentativa de golpe de Estado depois da derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Eles fazem parte do núcleo 2, que, segundo o órgão, teria sido o responsável por “gerenciar” as operações do grupo formado por 34 pessoas, dentre elas Bolsonaro.
Eis os integrantes do núcleo 2:
- Filipe Martins, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais de Bolsonaro;
- Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel do Exército;
- Mario Fernandes, general da reserva e ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro;
- Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal);
- Marília Ferreira de Alencar, delegada da PF (Polícia Federal) e ex-subsecretária de Inteligência da SSP (Secretaria de Segurança Pública); e
- Fernando De Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-secretário-executivo da SSP.
Essa é a 3ª manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, em relação às defesas prévias dos denunciados. Eis a íntegra do documento (PDF – 659 kB).
Na 2ª feira (17.mar), Gonet reforçou o pedido para que o núcleo 3 —conhecido como o “de execução” e formado por 12 militares e policiais– se tornem réus na Corte. Já 5ª feira (13.mar), a PGR rebateu os argumentos preliminares das defesas de Bolsonaro e de mais 7 denunciados que integram o núcleo 1 do plano de golpe —o grupo “crucial”.
Até o fim desta semana, Gonet deverá se manifestar se mantém a denúncia pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado contra os últimos 8 integrantes do suposto plano golpista, do núcleo 4 (“operações de desinformação”).
Eles seriam responsáveis por disseminar informações falsas e ataques virtuais numa tentativa de causar uma “ruptura institucional”. São eles:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Angelo Martins Denicoli;
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho;
- Reginaldo Vieira de Abreu;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha;
- Giancarlo Gomes Rodrigues;
- Marcelo Araújo Bormevet; e
- Guilherme Marques Almeida.
Ao todo, a PGR denunciou 34 pessoas em 18 de fevereiro de 2025. Além da acusação de tentativa de golpe, as operações da organização, segundo a procuradoria, envolviam a prisão e assassinato do ministro do STF Alexandre de Moraes e as mortes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
PAPÉIS DOS ACUSADOS DO NÚCLEO 2
O ex-assessor de Bolsonaro Filipe Martins teria sido responsável por editar a chamada “minuta golpista” e apresentar os seus “fundamentos jurídicos” ao alto escalão das Forças Armadas em reunião em 7 de dezembro de 2022.
Outro ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Costa Câmara, em conjunto com Mario Fernandes, ficou responsável por “coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas”, segundo a denúncia.
Fernandes também teria sido interlocutor dos manifestantes acampados em quartéis no fim de 2022 e pressionado o então comandante do Exército, Freire Gomes, a aderir ao golpe.
A defesa de Câmara afirmou ter feito o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, mas disse que a ação não se deu de forma ilegal, tendo o coronel usado fontes abertas.
De acordo com Gonet, “Silvinei Vasques, Marília Ferreira de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Jair Messias Bolsonaro no poder”. Eles teriam atuado no 2º turno das eleições de 2022, organizando blitzes, para impedir que eleitores de Lula chegassem às urnas.