Após ato de Bolsonaro, Lula ouve gritos de “sem anistia” na OAB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ouviu gritos de “sem anistia” depois de discursar em posse da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nesta 2ª feira (17.mar.2025). Parte da plateia gritou a frase enquanto aplaudia de pé o discurso do petista.

Em sua fala, Lula pregou união dos brasileiros para defender a democracia e superar o que ele classificou como desafios da atualidade, como a regulação das redes sociais. A cerimônia foi realizada em Brasília.

O petista disse que o “fascismo ressurge” no cenário global enquanto, no Brasil, a “intolerância política” levou ao plano para que ele, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) e o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, fossem mortos.

“Atualmente, nos deparamos com um cenário global em que o fascismo ressurge sobre novas formas. No Brasil, a intolerância política levou ao extremo de uma tentativa de golpe contra a democracia. Um golpe que previa inclusive ao assassinato do presidente, vice-presidente e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Esses eventos me fazem lembrar com tristeza do caso de Lydia Monteiro, secretaria da OAB assassinada em um atentado a bomba em 1980. Por trás desses episódios estão os mesmos ideais autoritários, os mesmos métodos violentos e os mesmos agentes saudosos dos porões da ditadura”, declarou.

Em 27 de agosto de 1980, um homem deixou um envelope endereçado ao presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes. Sua secretária, Lydia Monteiro da Silva, de 59 anos, abriu a correspondência e detonou o artefato. Ela morreu a caminho do hospital. O atentado foi atribuído a grupos contrários ao fim do regime militar.

O episódio se deu no momento em que a OAB pressionava as autoridades para a identificação de agentes do regime acusados de tortura contra Dalmo Dallari, sequestrado e torturado no mês anterior e o Brasil caminhava a passos calculados em direção à redemocratização.

Anistia e Bolsonaro

A declaração de Lula se deu 1 dia depois o ato em Copacabana, no Rio, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prol da anistia aos presos pelos ataques do 8 de Janeiro. Na manifestação, voltou a negar participação no que chamou de “historinha de golpe”.

A PGR (Procuradoria Geral da República) denunciou ele e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado. A 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) começará a decidir em 25 de março se torna os denunciados, réus.

Durante o ato pela anistia aos envolvidos nos atos extremistas foi possível ver, nas janelas de um dos prédios, uma faixa escrito: “Sem Anistia”.

Além de Bolsonaro, participaram do ato no domingo (16.mar) o pastor evangélico Silas Malafaia, financiador do evento; os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, entre outros congressistas e lideranças de direita.

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