O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), preste depoimento à PF (Polícia Federal) para esclarecer falas em entrevista onde afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, “conversam muito”, mesmo com proibição.
Ambos estão proibidos de manter contato por serem investigados no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A determinação foi proferida por Alexandre de Moraes no âmbito da Operação Tempus Veritatis, em fevereiro de 2024.
“Dessa maneira, para que os fatos sejam apurados, determino que a Polícia Federal proceda a oitiva do governador do Estado de Santa Catarina, Jorginho Mello, no prazo de 15 (quinze) dias, para esclarecimentos sobre as suas declarações na entrevista que concedeu ao programa televisivo “Direto ao Ponto”, da emissora Jovem Pan News, divulgado no canal da emissora na plataforma YouTube”, disse Moraes na decisão. Eis a íntegra (PDF – KB).
Mello ainda afirmou na entrevista que a decisão judicial levou Valdemar a adotar estratégias para evitar encontros diretos com Bolsonaro.
“O Valdemar está amargurado com isso. Ele teve que organizar uma sala longe do gabinete na sede do partido para não ficar próximo ao Bolsonaro quando ele está em Brasília”, disse. O governador também disse que espera que ambos possam, em breve, “conversar na mesma sala para se ajudar mais”.
“A entrevista do governador de Santa Catarina indica possível violação às medidas cautelares impostas por esta suprema Corte, em especial a proibição de manter contato com os demais investigados aplicada a Jair Messias Bolsonaro e Valdemar Costa Neto”, declarou Moraes nesta 6ª feira (17.jan).
PL e GOVERNO DE SC NEGAM CONTATO
Em nota enviada ao Poder360, a assessoria do PL, partido que ambos integram, afirmou que o presidente Valdemar “não mantém qualquer contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em respeito absoluto às determinações impostas pelo STF”. Eis a nota completa:
“O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, reitera que não mantém qualquer contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em respeito absoluto às determinações impostas pelo STF. Qualquer declaração em sentido contrário é fruto de equívoco ou mal-entendido”.
O Poder360 também procurou o governo de Santa Catarina. A assessoria declarou que a fala do governador se referia ao “período em que ambos construíram juntos […] o partido mais sólido do Brasil”. Eis a nota completa:
“O governador Jorginho Mello reforça, como disse na própria entrevista, que discorda completamente da restrição imposta contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente de honra do PL, Jair Bolsonaro, e reafirma que ambos seguem cumprindo a decisão judicial apesar de ser injusto, segundo o próprio governador. Não é preciso muito esforço para perceber que Jorginho se referia ao período em que ambos construíram juntos, Valdemar e Bolsonaro, o partido mais sólido do Brasil, com os resultados históricos do PL nas eleições de 2022. Qualquer outra interpretação inventada é fruto das mesmas distorções da realidade já enfrentadas pelo governador e pelo ex-presidente Bolsonaro em outros momentos, em particular quando se trata do jornal O Globo”.
O Poder360 também entrou em contato com a assessoria de Bolsonaro. A equipe considera que ele “não é parte dessa pauta” e que Jorginho Mello já esclareceu o assunto.
ESTRATÉGIA PARA EVITAR ENCONTROS
A restrição imposta pelo STF também alterou a dinâmica de eventos políticos com a participação de Bolsonaro e Valdemar. Ambos têm comparecido a compromissos em horários diferentes e evitam estar juntos no palco. Um exemplo foi o evento de filiação do senador Izalci Lucas (PL-DF), em março de 2024, em Brasília, onde os 2 participaram, mas sem interagir diretamente.