O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usará um avião Airbus 330-200 para viajar para Kazan, na Rússia, no domingo (20.out.2024) onde participará da 16ª Cúpula do BRICS. A aeronave, identificada pela FAB (Força Aérea Brasileira) como KC30, é a mesma que está sendo utilizada para buscar brasileiros que estão no Líbano e querem voltar ao Brasil para fugir dos conflitos bélicos na região.
A mudança de modelo foi necessária porque o avião presidencial, conhecido como Aerolula, ainda não foi trazido de volta ao Brasil depois de pane sofrida no México em 1º de outubro. Lula voltava à Brasília depois de ter participado da posse de Claudia Sheinbaum como presidente do país quando um dos motores parou de funcionar. O avião precisou sobrevoar a região do aeroporto por quase 5 horas para queimar combustível antes de pousar.
O avião usado na repatriação de brasileiros deve pousar em São Paulo no sábado (19.out.2024) com o 6º grupo de pessoas saídas do Líbano. Lula embarcará na capital paulista, onde estará já a partir desta 5ª feira, no domingo.
Integrantes do governo avaliam que não há necessidades de fazer ajustes na aeronave, que é menos confortável do que o modelo usado normalmente por Lula, o Airbus A319CJ, identificado como VC-1. Também avaliam que o tempo para eventuais mudanças seria escasso.
Lula usou o KC30 para ir a Washington em fevereiro de 2023, quando foi recebido com honras de Estado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Na época, o VC-1 estava em manutenção. O novo avião também permitiu que a comitiva fizesse um voo direto até a capital norte-americana, sem necessidade de escala em Manaus (AM) ou no Panamá.
As duas aeronaves KC30 que a FAB tem foram compradas pelo governo de Jair Bolsonaro da companhia Azul Linhas Aéreas e entregues em 2022. Elas têm, cada uma, 32 assentos-cama de classe executiva e 206 poltronas de classe econômica. Não possuem, porém, ambientes reservados que poderiam ser destinados exclusivamente ao presidente. São os maiores jatos da Aeronáutica. A autonomia de voo é de 14 mil km.
O Aerolula por sua vez tem uma área reservado ao presidente e integrantes mais destacados da comitiva. Há uma suíte privativa e uma sala de reunião com poltronas revestidas em couro e mesas de trabalho. Tem autonomia de voo de 8.500 km. Ele foi comprado em 2004 no 1º mandato do petista por US$ 56,7 milhões (US$ 91,7 milhões, em valores atualizados, o equivalente a R$ 500 milhões). A alcunha Aerolula pegou depois de críticas feitas por opositores, como o ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola (1922-2004), mas o petista disse ter superado o apelido.
Veja imagens internas do Aerolula divulgadas em 2005:
Aerolula em 2005
Veja esquema de parte interna do KC30:
Veja a imagem externa do KC30, maior avião em uso pela FAB:
De acordo com o Itamaraty, o uso do KC30 para levar Lula à Rússia não atrapalhará a operação de repatriação de brasileiros do Líbano. Isso porque outro avião do mesmo modelo entrará na operação e há ainda a possibilidade de uso de aviões menores A390. Lula deve estar de volta ao Brasil na 5ª feira (24.out.2024).
COMPRA DE NOVO AVIÃO
Na 6ª feira (11.out.2024), Lula confirmou que comprará novos aviões para a Presidência da República para que, além dele, ministros também possam usar em viagens.
A decisão foi tomada pelo petista depois de ter vivenciado a pane no avião presidencial. Para Lula, a nova compra não é privilégio seu, mas segurança para integrantes do governo. Diante da decisão, já circula entre integrantes do governo uma anedota sobre as novas aeronaves, que estão sendo chamadas de “Aerojanja”.
“Vamos comprar um avião para o presidente da República. Entendendo que a ignorância não pode prevalecer. Um avião para o presidente da República não é um avião para o Lula, para o Fernando Henrique Cardoso, para o Bolsonaro, para quem foi presidente. É um avião para a instituição Presidência da República, para quem quer que tenha sido eleito. E vamos comprar alguns outros aviões porque é preciso os ministros viajarem. Não governamos com ministro que fica coçando em Brasília”, disse.
PANE NO AEROLULA
O avião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve que dar voltas acima da Cidade do México por causa de um problema técnico logo depois da decolagem em 1º de outubro.
A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que o problema técnico no avião VC-1, um Airbus 319 CJ, foi resolvido “com sucesso”. Declarou também que os pilotos precisavam gastar o combustível antes de retornar ao Aeroporto Internacional General Felipe Ángeles, na capital mexicana –onde trocaram de avião e voltaram a Brasília.
A manobra de queimar combustível antes de um pouso não previsto é comum. Normalmente, o peso do avião no momento da decolagem é superior ao máximo permitido no pouso –pousar com a aeronave pesada aumenta o risco de uma colisão com o chão.
O piloto do avião presidencial na visita ao México identificou um problema na aeronave assim que decolou. Em mensagem à torre de controle do Aeroporto Internacional General Felipe Ángeles, na Cidade do México, o comandante utilizou o código “pan-pan, pan-pan, pan-pan” ao controlador, que significa um problema que necessita de ajuda em solo, mas que não representa risco de vida aos passageiros a bordo.
Segundo o BGAST (Grupo Brasileiro de Segurança Operacional de Infraestrutura Aeroportuária), a expressão é utilizada em situações de urgência, sem perigo iminente. A partir dessa comunicação, o avião tem prioridade da torre, exceto se outro avião reportar o código “mayday, mayday, mayday”, que caracteriza uma situação de emergência, com perigo iminente. Leia a íntegra da cartilha do BGAST (PDF – 697 kB).
O código “pan” vem da palavra pane –falha no funcionamento de algum equipamento elétrico ou hidráulico. Já o mayday vem do francês “m’aidez”, que significa “me ajude”.
“O pan-pan-pan é um aviso sonoro que o piloto emite falando que ele está com problema, o pan vem da palavra pane mesmo, mas não tem um perigo iminente às vidas que estão a bordo. Já o ‘mayday’ é uma declaração de emergência que todo mundo para e vai ajudar porque vai ter vítima”, declarou ao Poder360 o presidente da Rima Aviação, comandante Gilberto Scheffer.
No áudio, o piloto diz “pan-pan, pan-pan, pan-pan” e comunica a necessidade de fazer uma curva à direita. O funcionário da torre pede para o piloto confirmar o código, o que o comandante do “Aerolula” faz em seguida.
Ouça no vídeo abaixo (1min44s):