O assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Fabio Wajngarten disse nesta 5ª feira (4.jul.2024) que foi indiciado pela PF (Polícia Federal) pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso da venda das joias sauditas por defender o antigo chefe do Executivo enquanto advogado.
“Tentar me incriminar é absurdo e revela a fragilidade das acusações sistematicamente feitas pela Polícia Federal nos últimos 18 meses […] É uma violência inominável e um atentado ao meu direito de trabalhar”, declarou em nota publicada em seu perfil no X (ex-Twitter).
No comunicado, Wajngarten nega que tenha participado da negociação de compra e venda das joias sauditas.
O assessor disse que ficou sabendo do caso pela imprensa e que só orientou Bolsonaro a entregar as joias sauditas ao TCU (Tribunal de Contas da União), para evitar questionamentos em relação ao interesse público.
“Conselho jurídico não é crime”, declarou.
O advogado disse ainda que recorrerá à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para assegurar seu “direito constitucional de trabalhar sem intimidações e sem sofrer lawfare de natureza política” e à todas as instâncias da Justiça para “conter o abuso de poder” e a “atitude arbitrária”.
Leia abaixo a íntegra da nota:
INDICIAMENTO
Além do assessor, outros 11 nomes, incluindo Bolsonaro, foram indiciados pela PF nesta 5ª (4.jul) pela venda ilegal de joias no exterior.
Eis os demais indiciados:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- Mauro Cesar Lorena Cid, general e pai de Mauro Cid (associação criminosa e lavagem de dinheiro);
- Frederick Wassef, advogado (associação criminosa e lavagem de dinheiro);
- Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia (associação criminosa e apropriação de bens públicos);
- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque (associação criminosa e apropriação de bens públicos);
- Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal (associação criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação de bens públicos e advocacia administrativa);
- Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);
- Osmar Crivelati, assessor de Bolsonaro (associação criminosa e lavagem de dinheiro);
- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro).
O relatório da PF deve ser enviado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte. Depois, será compartilhado com a PGR (Procuradoria Geral da República).
ENTENDA O CASO
As joias foram dadas como presente por governos estrangeiros para Bolsonaro enquanto estava no Palácio do Planalto. Depois, foram vendidas a joalherias nos Estados Unidos por aliados do ex-presidente, segundo a PF.
Um relógio da marca de luxo Rolex avaliado em US$ 68.000, por exemplo, foi recomprado por Wassef depois do início das investigações sobre o caso.
Em 4 de abril de 2023, o kit de joias completo foi entregue à Caixa Econômica Federal. Leia mais sobre os kits aqui.
Um acordo de cooperação foi firmado com o FBI para localizar as peças, com base no Tratado de Assistência Jurídica Mútua (Mutual Legal Assistance Treaties, em inglês), um pacto internacional para assistência ou cooperação jurídica em matéria criminal.