PF mira ex-prefeito em operação por fraude de cartão de vacinação de Bolsonaro

Um grupo suspeito de fraude de cartão de vacinação contra a Covid-19 foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (4), que cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do ex-prefeito de Duque de Caxias (RJ). Segundo a PF, esse grupo foi responsável por falsificar o cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

PF mira ex-prefeito em operação por fraude em cartão de vacinação de Bolsonaro

Grupo suspeito de fraude de cartão de vacinação contra a Covid-19 foi responsável por falsificar os dados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Foto: Agência Brasil/Reprodução

Segundo a PF, se trata da segunda fase da Operação Venire. Além do ex-prefeito, o atual secretário de Transporte e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Washington Reis, e a secretária de Saúde de Duque de Caxias, Célia Serrano foram alvos das buscas e apreensões.

As informações são do R7, que tentou contato com as defesas. O espaço permanece aberto.

Segundo a PF, os alvos seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações) e da RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde).

A corporação afirma que a ação desta quinta também visou identificar novas pessoas que teriam sido beneficiadas pelo esquema de fraude de cartão de vacinação. Nesta fase, foram cumpridos mandados de busca e apreensão emitidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Relembre

Na primeira fase da operação, em maio de 2023, os agentes federais fizeram buscas na casa de Bolsonaro, que criticou a ação. “Não há dúvida de que eu chamo de ‘operação para te esculachar’. Podiam perguntar sobre vacina, cartão, eu responderia sem problema nenhum. Agora uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a Presidência até agora. Não sei quando isso vai acabar”, disse.

Ao todo, na primeira fase foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.

Na época, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid Barbosa, e os ex-assessores especiais do ex-presidente Sérgio Cordeiro e Max Guilherme foram presos.

Entenda a operação contra a fraude de cartão de vacinação

A PF afirma que a fraude de cartão de vacinação ocorreu entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e teve como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante — no caso, a condição de imunizado contra a Covid-19.

Com isso, os investigados puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (do Brasil e dos Estados Unidos), que visavam impedir a propagação da doença.

A apuração revela que o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a sua pauta ideológica — no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19″.

As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

Indiciamentos

Em março deste ano, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no caso que apura a fraude de cartão de vacinação.

Ao todo, 17 pessoas são apontadas no documento, entre eles Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ).

Veja lista dos indiciados abaixo:

Jair Messias Bolsonaro

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações;Associação criminosa.

Mauro Cid

  • Falsidade ideológica de documento público;
  • Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada;
  • Uso de documento ideologicamente falso;
  • Associação criminosa.

Gabriela Cid

  • Falsidade ideológica de documento público;
  • Inserção de dados falsos em sistema de informações;
  • Falsidade ideológica de documento público com dados das filhas;
  • Uso de documento ideologicamente falso.

Luiz Marcos dos Reis

  • Falsidade ideológica de documento público;
  • Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Farley Vinicius de Alcantra

  • Falsidade ideológica de documento público;
  • Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Eduardo Crespo Alves

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Paulo Sérgio da Costa Ferreira

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Ailton Gonçalves Barros

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações;
  • Falsidade ideológica de documento público;
  • Associação criminosa.

Marcelo Fernandes Holanda

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Camila Paulino Alves Soares

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações.

João Carlos de Sousa Brecha

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações;
  • Associação criminosa.

Max Guilherme Machado de Moura

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações;
  • Uso de documento falso;
  • Associação criminosa.

Sérgio Rocha Cordeiro

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações;
  • Uso de documento falso;
  • Associação criminosa.

Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Célia Serrano da Silva

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Gutemberg Reis de Oliveira

  • Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Marcelo Costa Camara

  • Crime de Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Mais investigações

Em abril, a PGR defendeu que a PF realizasse mais investigações após analisar o relatório da Polícia Federal que indiciou o Bolsonaro.

Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, é relevante “saber se algum certificado de vacinação foi apresentado por Jair Bolsonaro e pelos demais integrantes da comitiva presidencial, quando da entrada e permanência no território norte-americano”.

*Com informações do portal R7

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