O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 2ª feira (13.mai.2024) que as enchentes em Porto Alegre (RS) não foram causadas só pelas fortes chuvas que atingiram a capital gaúcha, mas também pela falta de cuidado com “as comportas”. O presidente não especificou a que comportas se referia.
“Me parece que não foi só um fenômeno da chuva. Me parece que foi um fenômeno das pessoas que não cuidaram das comportas, que deveriam ter cuidado há muito tempo. Mas tudo isso é um problema a ser resolvido daqui para a frente. Nós vamos tentar apresentar a nossa contribuição ao povo do Rio Grande do Sul, inclusive, apresentando uma discussão nacional sobre resolver definitivamente a questão das enchentes na cidade de Porto Alegre e na região metropolitana”, disse.
O presidente fez uma breve fala ao abrir a reunião ministerial convocada de emergência na manhã desta 2ª feira (13.mai) para discutir as ações de ajuda ao Rio Grande do Sul. O encontro, que estava previsto para às 17h, começou por volta das 18h30. A reunião é fechada, mas o trecho foi divulgado à mídia pela Secom (Secretaria de Comunicação Social).
O Rio Grande do Sul é governado por Eduardo Leite (PSDB), de oposição a Lula. Porto Alegre, por sua vez, tem no comando Sebastião Melo (MDB), alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora publicamente a relação entre ambos com o governo federal se mostre pacificada, há uma disputa política por protagonismo.
Em reunião virtual com Lula e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta 2ª feira (13.mai), por exemplo, Leite agradeceu pela decisão do governo federal de suspender o pagamento da dívida do Estado, mas disse que o valor de quase R$ 105 bilhões deveria ser perdoado. Segundo ele, a suspensão das parcelas é insuficiente para atender às demandas do Estado.
Como mostrou o Poder360, o descaso com a falta de manutenção e de investimentos fez com que o sistema de contenção das cheias dos rios Guaíba e Gravataí ficasse vulnerável e não funcionasse como deveria.
O sistema havia sido projetado na década de 1970 para suportar que o nível das águas subisse até 6 metros. No entanto, o sucateamento causado pela falta de atenção para a necessidade de cuidar do sistema ao longo de sucessivas gestões municipais e estaduais fez com que o rio invadisse a cidade antes, em 3 de maio, quando a cota chegou a 4,5 metros. Dentre os problemas, há brechas de até 10 cm entre as portas e o muro, motores de comportas que foram roubados e nunca repostos, e bombas que não funcionaram.