O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado (13.abr.2024) que conversará com o empresário e do X (ex-Twitter), Elon Musk, às 21h30. Ele deu a declaração durante um evento com o ex-ministro Marcelo Queiroga em João Pessoa (PB).
“Eu vou fazer algumas perguntas a ele que já acertamos. Ele tem um poder enorme […] Ele quer servir para ser o indutor da liberdade pelo mundo. Por isso ele comprou o Twitter por pouco mais de US$ 40 bilhões. Ele podia estar cuidando da vida dele, mas ele vem em nosso socorro aqui na Terra”, declarou Bolsonaro.
Apoiadores do ex-presidente estão divulgando uma arte da “entrevista com Elon Musk” com os rostos do bilionário e do ex-presidente. Não está claro qual será o formato da conversa entre os 2. Usuários do X especulam que eles devem utilizar o X Espaços, que é uma espécie de chat por áudio em tempo real –não há transmissão de imagens.
Caso se concretize, o encontro virtual entre Bolsonaro e Musk se dá no meio de um embate entre o bilionário e o Supremo Tribunal Federal. O dono do X tem criticado o STF e o ministro Alexandre de Moraes, a quem ele já chamou de “ditador”.
O comentário de Musk veio na sequência de acusações feitas pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger em 3 de abril. Segundo Shellenberger, o ministro tem “liderado um caso de ampla repressão da liberdade de expressão no Brasil”.
Os comentários críticos escalaram o tom e Musk disse que pensa em fechar o Twitter no Brasil e que divulgará as exigências de Moraes que violam leis. Ele também chamou o ministro de “tirano”, “totalitário” e “draconiano”, dizendo que ele deveria “renunciar ou sofrer um impeachment”.
Saiba mais:
TWITTER FILES BRAZIL
Na 4ª feira (3.abr), o jornalista norte-americano Michael Shellenberger publicou uma suposta troca de e-mails entre funcionários do setor jurídico do X no Brasil entre 2020 e 2022 falando sobre solicitações e ordens judiciais recebidas a respeito de conteúdos de seus usuários.
As mensagens mostrariam pedidos de diversas instâncias do Judiciário brasileiro solicitando dados pessoais de usuários que usavam hashtags sobre o processo eleitoral e moderação de conteúdo.
Shellenberger criticou especificamente o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Segundo ele, Moraes emitiu decisões pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que “ameaçam a democracia no Brasil” ao pedir intervenções em publicações de membros do Congresso Nacional e dados pessoais de contas –o que violaria as diretrizes da plataforma. Os autos dos processos mencionados no caso estão sob sigilo.
Assista à entrevista de Michael Shellenberger ao Poder360 (47min52s):
O caso foi batizado de Twitter Files Brazil em referência ao Twitter Files originalmente publicado em 2022, depois que Musk comprou o X, em outubro daquele ano.
À época, Musk entregou um material a jornalistas que indicavam como a rede social, nas eleições norte-americanas de 2020, colaborou com autoridades dos Estados Unidos para bloquear usuários e suprimir histórias envolvendo o filho do candidato à presidência do país Joe Biden.
Os arquivos publicados por jornalistas incluem trocas de e-mails que revelam, em certa medida, como o Twitter reagia a pedidos de governos para intervir na política de publicação e remoção de conteúdo. Em alguns casos, a rede social acabava cedendo.
No caso brasileiro, Musk não foi indicado como a fonte que forneceu o material, no entanto, o empresário escalou críticas a Moraes durante alguns dias.