José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, ex-deputado federal, ex-presidente nacional do PT e um dos líderes históricos da sigla disse na noite de 4ª feira (13.mar.2024) que o Brasil precisa ter independência tecnológica e industrial. Mas, segundo ele, deve garantir antes a independência sobre sua política econômica –algo que, “de certa forma”, ainda não alcançou. Dirceu comemorou seu aniversário de 78 anos antecipadamente numa festa realizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília.
“Um país que não tem soberania e independência sobre a sua política econômica –o que, de certa forma, é o nosso caso–, como é que pode pensar em um projeto de desenvolvimento nacional?”, declarou antes dos parabéns. “Se olharmos bem para o Brasil, nós temos duas condições que poucos países têm, que é a soberania de alimentos e a climática, energética. Mas não temos a tecnológica. Se o Brasil não supera a questão da tecnologia, da educação, da industrialização do país, o Brasil vai ser sempre dependente”, disse.
Dirceu afirmou que a agricultura brasileira “depende totalmente” de importações. Citou itens como chips, fertilizantes, agrotóxicos, produtos químicos e farmacêuticos, máquinas e equipamentos.
Segundo Dirceu, “se tiver uma guerra e for impedida” a importação, o Brasil corre o risco de “parar”. Completou: “Eu dou isso como exemplo mais para simbolizar o desafio que temos pela frente”.
O ex-ministro afirmou que a volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder marcou a “retomada” de um “ciclo histórico” de desenvolvimento do país, algo que “foi interrompido pelos 6 anos” dos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
“Para recomeçar isso [o ciclo histórico], nós precisamos criar as condições do país”, afirmou. “Daqui há 10 anos, vai ser tão outro mundo que o nosso tempo é muito curto. Nós não temos mais 30 ou 40 anos, nós temos 10 anos para fazer as mudanças, nas condições que estamos vivendo”, disse.
“Vocês sabem quais são as condições. Nós não chegamos no governo com maioria no Parlamento. Nós não chegamos no governo com maioria no país. Nós chegamos no governo pelas circunstâncias históricas do bolsonarismo, que possibilitou a criação de uma aliança de frente ampla, o que levou à vitória do Lula”, declarou.
“Eu tenho dito que os problemas do Brasil, no mundo em que nós vivemos hoje, são tais que o papel de um 1º governo, na verdade, é criar as condições para os 2º e o 3º governos. Os problemas do Brasil são problemas estruturais”, afirmou Dirceu. O ex-ministro disse esperar que Lula tenha um 4º governo.
Assista (11min44s):
COMEMORAÇÃO
O aniversário de Dirceu é no próximo sábado (16.mar.2024), mas a festa foi antecipada por causa do número de urnas do Partido dos Trabalhadores (13).
A festa foi realizada na casa do advogado Marcos Meira, amigo de Zé Dirceu. Ele montou um grupo de advogados que se juntou para bancar as despesas da recepção. Eram esperadas 200 pessoas e 20 jornalistas. A conta da organização é que passou de 400.
Estiveram presentes o vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e ao menos outros 9 ministros: Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Fazenda), José Múcio (Defesa), Juscelino Filho (Comunicações), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), Márcio Macêdo (Secretaria Geral), Nísia Trindade (Saúde), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Vinicius de Carvalho (CGU).
Também participaram o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, e deputados e senadores.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chegou às 23h23. Sentou-se ao lado do líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, postulante à presidência da Câmara dos Deputados. Outros concorrentes ao cargo também estavam lá: Antônio Brito (PSD-BA) e o presidente nacional do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP).
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