Um dos advogados de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno, disse na 2ª feira (26.fev.2024) que a declaração do ex-presidente durante ato na avenida Paulista sobre a “minuta do golpe” se referia a um texto que ele teria recebido em 2023, ou seja, quando já não estava no governo.
“Declaração do presidente foi em cima da minuta que ele só teve conhecimento em outubro de 2023. Não reforça em nada a investigação, porque foi a primeira minuta que ele viu. Não tinha visto antes”, disse o advogado ao jornal Folha de S. Paulo.
Em discurso no ato de domingo (25.fev), Bolsonaro se defendeu das acusações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Disse: “Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio”.
Assista à íntegra do discurso (22min49s):
A PF (Polícia Federal) deve incluir a declaração de Bolsonaro no inquérito que investiga a suposta organização de golpe de Estado. Para delegados que apuram o caso, com a fala, o ex-presidente confirmou que tinha conhecimento sobre a existência da “minuta do golpe” encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento decretava Estado de Defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas eleições de 2022.
Em 8 de fevereiro, Bolsonaro foi alvo da operação da PF Tempus Veritatis e teve de entregar seu passaporte. A ação mirou também outros aliados do ex-presidente, suspeitos de planejarem golpe de Estado para mantê-lo na Presidência.
Na 5ª feira (22.fev), o ex-presidente foi à PF para prestar esclarecimentos, mas se manteve em silêncio. Antes, tentou adiar seu depoimento 3 vezes.
Em discurso na manifestação de domingo (25.fev), Bolsonaro reforçou narrativa de perseguição, mas não mencionou o ministro Alexandre Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).