Recém-filiado ao PSD, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que a ala governista do partido “não é maioria” e que o eleitorado está insatisfeito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas também “não quer voltar para o ex”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O sentimento é de insatisfação com o atual governo, mas não é de saudosismo em relação ao governo anterior”, declarou em entrevista ao jornal O Globo publicada neste sábado (10.mai.2025).
Leite se apresenta como nome viável ao Planalto e diz que há espaço para uma candidatura “mais conciliadora”. Embora o PSD ocupe 3 ministérios no governo Lula, o governador avalia que a chance de a legenda apoiar a reeleição do petista é “muito remota, para não dizer inexistente”.
Sobre o apoio do partido ao governo, afirmou que “essa participação [ministerial] não vai virar uma aliança eleitoral para 2026” e que uma candidatura própria pode forçar uma saída do PSD do 1º escalão. “Se isso de fato se confirmar, poderá significar essa saída”, afirmou.
Leite disse ainda que os laços entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Bolsonaro dificultam a ideia de que o governador de São Paulo seja um candidato à Presidência que una “o centro e o bolsonarismo”.
“O governador Tarcísio tem uma identidade ainda maior com o ex-presidente Bolsonaro, e isso talvez torne esse processo um tanto dificultador”, disse. ” Não é impossível, desde que ele demonstre a disposição de construir pelo diálogo um projeto comum para o Brasil. Mas, nesse momento, tudo sinaliza que ele é candidato à reeleição em São Paulo”, acrescentou.
Apesar de citar outros nomes em disputa, como o governador do Paraná, Ratinho Junior, Leite se colocou como opção para liderar o projeto do PSD em 2026, mas falou em uma possível candidatura ao Senado
“Quero ter a oportunidade de liderar um projeto para o Brasil e para o futuro. Mas não farei a minha aspiração pessoal ser maior do que a minha vontade como brasileiro de construir um projeto melhor para o Brasil. E isso pode significar, eventualmente, reconhecer lá na frente que um outro nome possa fazer isso melhor do que o meu. Nesse caso, a candidatura ao Senado é um caminho”, disse.
Sobre a saída do PSDB, partido que presidiu até abril, Leite afirmou que a sigla perdeu protagonismo e que poderá contribuir mais no novo partido.
“Ajudei a construir [o PSDB]. Mas chegou o momento de me movimentar”, afirmou. “Tenho muito respeito por outras lideranças, mas nenhuma delas teve o impacto que o presidente Fernando Henrique teve.”
Leite também comentou a relação com o governo federal. Disse que mantém uma posição de oposição “com responsabilidade”. E afirmou que preferia o Lula do 1º mandato, que, segundo ele, ouvia mais quem discordava de sua gestão.
“Sempre me considerei oposição. Uma oposição que diverge, mas não para atrapalhar e impedir de governar. Não considero o presidente Lula mal intencionado nem os que o cercam interessados em destruir o Brasil. Nas políticas públicas, como as de segurança e outras, eu divirjo, mas nem por isso deixo de dialogar”, disse.
“O próprio presidente Lula foi melhor no primeiro mandato, quando ouviu mais quem discordava dele, compondo um ministério mais diverso no seu núcleo. Nesse mandato, preferiu um círculo próximo a ele menos crítico às suas próprias ideias, e parece estar errando mais por isso”, declarou.