O desembargador Newton Ramos, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), determinou que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) devolva 39 aves retiradas da residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em 2023.
Na decisão, assinada em 11 de abril, o magistrado argumentou que a permanência sob a custódia do órgão ambiental coloca a vida dos animais em risco —ao menos 16 já teriam morrido no Centro de Triagem de Animais Silvestres desde a apreensão.
Ao todo, foram confiscadas 66 aves por supostas irregularidades ambientais quando Anderson Torres estava preso preventivamente em 2023, por suspeita de envolvimento nos atos de 8 de Janeiro. O ex-ministro, que tenta recuperar os animais desde então, alega que sua ave mais valiosa desapareceu, segundo informações do Estadão.
O episódio levou Torres a ser alvo de um inquérito e de um processo disciplinar dentro da Polícia Federal, onde atua como delegado de carreira. Contudo, ambas as investigações foram arquivadas.
Durante as apurações, o ex-ministro negou qualquer irregularidade e afirmou ser criador legalizado de aves há mais de 20 anos.
Na época da apreensão, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, declarou que havia indícios de que Torres poderia estar comercializando os animais.
“Uma das coisas que chamou a atenção dos técnicos é que existe um limite de troca de criadouro de animais. Isso indica que ele pode estar comercializando essas aves. Há um número máximo permitido, e houve uma movimentação muito acima desse limite”, disse.
Anderson Torres também é réu no STF (Supremo Tribunal Federal), ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros 12 aliados, em um processo que investiga tentativa de golpe de Estado relacionada aos atos de 8 de Janeiro. A PGR (Procuradoria Geral da República) aponta que ambos compunham o “núcleo central” da suposta organização criminosa.