A CEP (Comissão de Ética Pública) do governo federal decidiu na 3ª feira (21.fev.2024) abrir um processo para apurar a conduta de 5 ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro (PL) que participaram da reunião realizada em 5 de julho de 2022. Na ocasião, Bolsonaro incentivou que integrantes do então governo aderissem ao discurso contra o sistema eleitoral.
Os alvos do processo são os ex-ministros Augusto Heleno (GSI), Bruno Bianco (AGU), Wagner Rosário (CGU), Paulo Sérgio (Defesa) e Anderson Torres (Justiça), além do ex-secretário executivo da Secretaria-Geral, Mário Fernandes.
O próximo passo será ouvir a defesa dos alvos para seguir com a apuração ou arquivar o processo. Por enquanto, a comissão vai apurar apenas a conduta das autoridades que falaram na gravação.
A gravação embasou a operação da PF (Polícia Federal) Tempus Veritatis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro na Presidência da República.
Falas de ex-ministros
Em 9 de fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a divulgação da íntegra do vídeo em que Bolsonaro e aliados discutem cenários que corroborariam para abolição do Estado democrático de direito.
A maior parte da reunião é conduzida por Bolsonaro, somente em alguns momentos o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, fazem declarações.
Na ocasião, Torres disse que a PF seria “incisiva” nos questionamentos à lisura do processo eleitoral. Ele também associa o Partido dos Trabalhadores ao PCC, facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital.
No momento de sua fala, Heleno propõe “infiltrar agentes nas campanhas eleitorais”. Segundo a PF, a proposta teria sido rejeitada por Bolsonaro, que solicitou que o tema fosse tratado depois. A fala do ex-ministro do GSI, entretanto, não deixa clara essa intenção. Ele fala em “virar a mesa” e “dar um soco na mesa” antes das eleições.
Assista ao vídeo completo da reunião (1h33min43s):