O Itamaraty demonstrou irritação com a atitude do ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, de levar o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto. Segundo apurou o Poder360, a percepção foi de que o país está tentando forçar uma escalada ainda maior da crise diplomática entre Brasil e Israel.
O ato foi convocado depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar a ação militar israelense em Gaza com o extermínio de judeus por Adolf Hitler na 2ª Guerra Mundial.
Em seu perfil no X (antigo Twitter), Israel Katz disse que o memorial representa o que “os nazistas fizeram aos judeus”, incluindo a seus familiares. Ele exibiu ao embaixador brasileiro um documento com o nome de seus avós, vítimas do regime nazista.
Kartz também disse que Lula é “persona non grata” (expressão para designar quando uma pessoa não é bem-vinda) em Israel até que se retrate pelas declarações.
Para o Itamaraty, a atitude “não existe” na diplomacia e o fato “não ajuda” na resolução da rusga diplomática. Para a diplomacia brasileira, tudo seria uma tentativa de escalar ainda mais a tensão internacional com o Brasil.
Apesar da irritação, o ministério prega calma para lidar com o assunto. Os diplomatas brasileiros ainda estão avaliando a situação, oficialmente.
Assim como o Planalto, que também discutiu o tema nesta 2ª feira (19.fev.2024) no Palácio da Alvorada com Lula. Em dia sem agenda oficial divulgada, o petista recebeu em sua residência oficial os ministros Paulo Pimenta (Secom), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Jorge Messias (Advocacia Geral da União) e o assessor especial Celso Amorim.
Depois do encontro, a orientação dos ministros era dizer que só o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, comentaria o tema no governo.
O Itamaraty foi procurado oficialmente pelo Poder360 duas vezes na manhã desta 2ª feira, às 8h e às 10h, mas não se pronunciou oficialmente sobre o tema.
Sem desculpas
O governo avalia, nos bastidores, que o presidente passou do ponto ao comparar os ataques a Gaza ao Holocausto, enquanto Israel teria exagerado ao declarar Lula “persona non grata”. Um pedido de desculpa do petista, com o cenário atual, seria improvável.
A ideia do Planalto é deixar a poeira baixar e atuar pelas vias diplomáticas para distensionar a relação com Israel. Na visão da ala política da Esplanada, o presidente quis falar de improviso e exagerou na comparação, quebrando a tradição de equilíbrio e sobriedade da diplomacia brasileira.