O que é estado de sítio? Entenda quando ele pode ser usado

A Polícia Federal encontrou nesta quinta-feira (8) uma suposta “minuta de golpe” na sala do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizada no edifício do Partido Liberal, em Brasília. A documentação anunciaria o estado de sítio no Brasil.

Documento que estabeleceria estado de sítio foi encontrado nesta quinta-feira (8), na sala do ex-presidente Jair Bolsonaro, no edifício do Partido Liberal, em Brasília

Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal – Foto: Divulgação/PF/ND

O documento foi achado durante a operação Tempus Veritatis, que teve como alvo o ex-chefe do Executivo e vários de seus aliados. Além da documentação que defende e anuncia o decreto de estado de sítio, consta ainda a instalação da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no país.

O que é estado de sítio?

A situação de sítio é um instrumento que pode ser utilizado pelo presidente da República nos seguintes casos:

  • Comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa
  • Declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira

A decretação do estado de sítio é solicitada pelo chefe do Executivo ao Congresso Nacional, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional.

Ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, o presidente da República terá que relatar os motivos determinantes do pedido, cabendo ao Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.

O que é o decreto GLO?

As missões de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) são realizadas exclusivamente por ordem expressa da Presidência da República e ocorrem nos casos em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, em graves situações de perturbação da ordem.

Reguladas pela Constituição Federal, as operações de GLO concedem provisoriamente aos militares a possibilidade de atuar com poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.

Nisso, as Forças Armadas agem em área restrita e por tempo limitado, a fim de preservar a ordem pública, bem como a segurança da população e garantir o funcionamento regular das instituições.

A decisão sobre o emprego excepcional das tropas é feita pela Presidência da República, por motivação ou não dos governadores ou dos presidentes dos demais Poderes constitucionais.

Operação Tempus Veritatis

Nesta quinta-feira (8), a PF (Polícia Federal) realizou uma operação em dez Estados do Brasil para investigar uma suposta participação de pessoas em uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito, visando obter vantagens políticas relacionadas à permanência do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

De acordo com informações obtidas pelo R7, os agentes estiveram na residência do ex-presidente em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, onde apreenderam o celular de Tércio Arnaud, um dos ex-assessores de Bolsonaro.

Medidas restritivas foram aplicadas ao ex-presidente, incluindo a determinação de apreensão de seu passaporte, que deve ser entregue dentro de 24 horas.

Ex-presidente é um dos alvos da PF – Foto: Reprodução/Agência Brasil/ND

Dentre os presos nesta quinta-feira (8) estão Filipe Martins e o ex-ajudante de ordens da Presidência da República e o coronel do Exército, Marcelo Câmara. Ele é apontado em outras investigações, como na dos presentes oficiais vendidos do ex-presidente Jair Bolsonaro e na das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro.

Também foi preso o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto. O motivo não estava no radar dos agentes da Polícia Federal: na casa de Costa Neto foi encontrada uma arma de fogo sem registro. Por conta disso, a prisão foi em flagrante.

A operação cumpriu um total de 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão.

A PF destacou que os fatos investigados configuram, em tese, crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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