A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta 5ª feira (8.fev.2024) uma operação contra Jair Bolsonaro (PL) e aliados por suposta tentativa de golpe de Estado na gestão do ex-presidente. A medida foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eis a íntegra (PDF – 8 MB) da decisão.
Segundo a investigação, os suspeitos trabalhavam para invalidar o resultado das eleições de 2022, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antes mesmo da realização do pleito. A polícia afirma que o núcleo de Bolsonaro atuou descredibilizando as urnas e incentivando atos extremistas.
O Poder360 lista abaixo os principais alvos da operação:
Augusto Heleno, 76 anos
- ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); chefiou o órgão de 2021 até o fim do governo de Jair Bolsonaro (PL);
- seu nome está envolvido na investigação da PF (Polícia Federal) que apura um suposto esquema de espionagem ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo Bolsonaro;
- compareceu em setembro à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro; teve o direito ao silêncio, depois de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal);
- relatório final da CPMI pediu o indiciamento de 61 pessoas, dentre elas o general;
- em junho, prestou depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF); negou ter participado de qualquer plano golpista e afirmou que o termo “golpe” foi banalizado.
Valdemar Costa Neto, 74 anos
- é presidente do PL. Foi deputado federal por 6 mandatos (de 1991 a 2005 e de 2007 a 2013). Foi alvo de pedido de quebra de sigilo telefônico e telemático da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro por supostas “tratativas” com o hacker Walter Delgatti Neto para discutir formas de fraudar as urnas eletrônicas e demonstrar que o sistema de votação não seria seguro. É crítico de operações recentes da PF contra integrantes do seu PL, e do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Afirmou que Moraes decretou prisões desproporcionais aos réus do 8 de Janeiro;
- durantea a operação da PF desta 5ª feira (8.fev), Valdemar foi preso em flagrante por porte ilegal de armas.
Anderson Torres, 47 anos
- foi ministro da Justiça durante a gestão Bolsonaro;
- era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal em 8 de janeiro de 2023;
- foi preso em 14 de janeiro por suspeita de omissão na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília –ele estava nos Estados Unidos no dia dos atos;
- em 11 de maio, o ministro do STF Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a Torres e ele deixou a prisão no mesmo dia;
- compareceu em 8 de agosto à CPMI do 8 de Janeiro; declarou que não recebeu informes de que havia perigo de invasão aos Três Poderes;
- o relatório final da CPMI do 8 de Janeiro pediu seu indiciamento; a defesa do ex-ministro disse em outubro que a Comissão não apresentou provas concretas sobre a participação de Torres nos atos extremistas;
- prestou depoimento à CPI do 8 de Janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF) em 10 de agosto; entre outras coisas, disse que o Exército brasileiro não permitiu a desmobilização dos acampamentos que se formaram em frente ao QG (Quartel-General) em Brasília.
Filipe Martins, 39 anos
- foi assessor da Presidência da República no governo Bolsonaro;
- foi citado na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como a pessoa que levou, em dezembro de 2022, uma minuta de golpe para o então presidente;
- foi acusado de racismo pelo Ministério Público por um gesto que seria associado a supremacistas brancos dos EUA durante uma sessão do Senado em março de 2021. Porém, foi absolvido por falta de provas.
- dados indicam que, nos últimos meses de 2022, ele esteve 4 vezes no Palácio da Alvorada; os encontros não constavam na agenda oficial e passaram a ser investigados pela PF.
Walter Braga Netto, 66 anos
- foi ministro da Casa Civil, da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. Na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), atuou como interventor no Rio de Janeiro. Foi declarado inelegível pelo TSE por ato no 7 de Setembro de 2022. Foi convocado para depor na CPI do 8 de Janeiro, mas a convocação foi cancelada. A CPI pediu seu indiciamento por suposta associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. O relatório da comissão concluiu que ele teria colaborado “decisivamente para o desfecho dos atos do dia 8 de janeiro de 2023”. Foi citado em delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
General Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira
- ex-chefe do Coter (Comando de Operações Terrestres do Exército); deixou o comando do órgão em dezembro de 2023;
- é investigado por suposta participação na elaboração de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
Tércio Arnaud Tomaz, 36 anos
- foi assessor especial durante a gestão de Jair Bolsonaro;
- foi citado na delação de Cid como um dos integrantes do chamado “gabinete do ódio”, que teria sido montado no Planalto sob a chefia do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Almirante Almir Garnier, 63 anos
- foi assessor especial militar do Ministério da Defesa de Dilma (de 2014 a 2016) e comandante da Marinha na 2ª metade da gestão Bolsonaro (2021 e 2022). Mencionado na delação de Cid por tratar de eventual golpe de Estado depois das eleições de 2022, não chegou a ser ouvido pela CPI. Garnier também foi o responsável por um desfile de tanques, em agosto de 2021, no mesmo dia em que a Câmara derrubou uma proposta do voto impresso.
Ailton Barros, 62 anos
- é major reformado e se candidatou nas eleições de 2022 ao cargo de deputado federal pelo PL;
- foi preso em operação da PF que sobre fraude em cartões de vacinação;
- em maio de 2023, a PF começou a investigar um suposto áudio enviado por Cid sugerindo um golpe de Estado com as Forças Armadas depois do resultado das eleições de 2022.
Coronel do Exército Marcelo Câmara
- assessor de Bolsonaro desde o mandato presidencial, é alvo da investigação sobre a venda de joias recebidas pelo ex-presidente e da apuração de fraude nos cartões de vacinação. Teve sigilo fiscal, telefônico e telemático quebrado a pedido da CPI do 8 de Janeiro, que também solicitou seu indiciamento.
Paulo Sérgio Nogueira, 65 anos
- general do Exército;
- foi ministro da Defesa de abril a dezembro de 2022, durante o último ano do governo Bolsonaro;
- relatório final da CPMI do 8 de Janeiro pediu seu indiciamento;
- durante o ano de 2022, quis discutir com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) propostas das Forças Armadas como a auditagem de parte das urnas eletrônicas;
- depois da derrota de Bolsonaro, negou que houvesse tido fraude nas urnas, mas não descartou a possibilidade.
Rafael Martins
- major do Exército. Atuou no batalhão de Forças Especiais da corporação.