Ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizaram o “X” durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para criticar o dólar comercial acima de R$ 4. A moeda norte-americana fechou a R$ 5,87 na 6ª feira (1º.nov.2024).
O real foi a 7ª moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar em 2024, melhor somente que as divisas de Sudão do Sul, Etiópia, Nigéria, Egito, Gana e Argentina. Bolsonaro resgatou uma publicação antiga da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que criticava o patamar do dólar no governo anterior.
Em 20 de junho de 2022, Tebet declarou: “O dólar passa de 5 reais hoje por quê? Porque nós temos uma instabilidade política e jurídica. É um governo que não garante segurança jurídica para os investidores”. Não foi a única vez que ela se manifestou sobre a moeda nos Estados Unidos durante o governo Bolsonaro.
Em 20 de setembro de 2022, declarou: “Toda vez que a gente vê o presidente falar besteira, vemos o dólar subir, a inflação”. O Poder360 já mostrou que as falas do presidente Lula têm correlação com a desvalorização do real. A incerteza fiscal é o principal pilar da volatilidade do dólar. A moeda está acima de R$ 5 há 219 dias.
Além de Tebet, outros ministros criticavam o patamar da cotação do dólar no passado. Os ministros Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, foram os que mais se manifestaram no X para criticar o nível da moeda no governo anterior. À época, ambos atuavam como deputados federais.
As reclamações eram direcionadas, principalmente, ao ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Em uma publicação de 5 de março de 2020, 6 dias antes da OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar a pandemia de covid-19, Pimenta disse: “E agora, Guedes? Dólar abre em alta e supera R$ 4,60 pela primeira vez”. Em 2019, ele declarou que a quantidade de dólares que saiu do Brasil nos últimos 12 meses é “a maior dos últimos 20 anos”. Em outra publicação, ironizou uma fala de Guedes, que disse que se fizesse muita besteira o dólar poderia ir a R$ 5.
Já o ministro Paulo Teixeira criticou, em 7 de maio de 2020, que do dólar teria atingido R$ 6,00. “Os Bolsominios foram às ruas e criticaram o dólar a R$ 4,00, diziam querer morar em Miami na época da Dilma. Agora não conseguirão mais”, publicou.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, também reclamou da alta do dólar durante o governo Bolsonaro. À época, ele era presidente do PDT. Declarou que Paulo Guedes teria lucrado US$ 14 milhões com a desvalorização do real. “O ministro enchendo os bolsos em paraísos fiscais enquanto os brasileiros estão na miséria”, disse. Em outra postagem, disse: “A gestão neoliberal de Paulo Guedes vai tão mal que não sabemos o que chega primeiro a 7: o preço do dólar ou o tombo do PIB”.
Em 2020, ano no qual a publicação foi feita, o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 3,3% com a pandemia de covid-19.
A ministra dos Direitos Humanos, Anielle Franco, disse, em outubro de 2020, que o dólar alto era um dos problemas do Brasil.
A ministra Ciência, Tecnologia e Inovação e presidente nacional do PC do B, Luciana Santos, declarou em março de 2020 que a moeda atingia R$ 4,79. “Bolsonaro e Guedes semeiam instabilidade, não apresentam soluções, queimam as reservas internacionais deixadas por Lula e Dilma, destroem o patrimônio brasileiro”, disse.
Já o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, brincou em 2021: “O Santos FC é que nem o Dólar !!! ‘Incaível’”, disse. O clube de futebol foi rebaixado para a série B do Campeonato Brasileiro de Futebol em 2023.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), declarou que o dólar acima de R$ 5 marcava “o fim do desgoverno” Bolsonaro. Em outra postagem, disse: “Prometeram que bastava tirar o PT pro dólar cair. Hoje, chegou a R$ 4,61, operando em alta pela 12ª sessão consecutiva. […] Onde estão os críticos do PT nessa hora? Vivem cobrando autocrítica do PT, farão eles autocrítica?”.