O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou, nesta 6ª feira (12.jul.2024), seu apoio à candidatura do ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro. O apoio é reiterado logo depois da deflagração da 4ª fase da operação que investiga a suposta “Abin paralela”.
“Estarei no Rio de 5ª a sábado da próxima semana. O Ramagem estará comigo”, afirmou o ex-chefe do Executivo em entrevista à CNN.
O relatório da PF (Polícia Federal) que investiga o caso aponta para a existência de um áudio supostamente gravado por Ramagem com a tentativa de investigar auditores da Receita Federal. O objetivo seria blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”.
A gravação de 1 hora e 8 minutos teria sido feita durante encontro com o ex-presidente Bolsonaro, o então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e “possivelmente” uma advogada de Flávio.
No encontro, realizado em 25 de agosto de 2020, foram discutidas supostas irregularidades cometidas pelos auditores da Receita Federal na confecção do Relatório de Inteligência Fiscal que deu causa à investigação contra Flávio Bolsonaro.
“Neste áudio é possível identificar a atuação do Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessária a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”, afirma o documento entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Na época, como mostra reportagem do Poder360, o senador Flávio Bolsonaro suspeitou de práticas irregulares da Receita Federal em relatório de informações contábeis e pediu apuração para o GSI e à Abin. Na mesma data citada pela PF, os presentes se encontraram fora da agenda pública oficial para tratar do assunto.
Ainda, a PF diz que “segundo fontes abertas”, as ações tratadas no áudio se concretizaram, “razão pela qual é elemento de prova que corrobora a atuação da estrutura paralela no interesse do núcleo-político“.
A representação da PF com indícios de crimes faz parte da investigação que apura o uso ilegal de um sistema de geolocalização por funcionários da Abin. Segundo as investigações, o First Mile teria sido usado para monitorar os ministros do STF Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e jornalistas.
OUTRO LADO
Em nota, Flávio disse que não tinha “nenhuma relação” com a Abin. “A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, diz o senador.
O Poder360 entrou em contato com a assessoria de Alexandre Ramagem e com a defesa de Jair Bolsonaro, mas não teve resposta. O espaço segue aberto para futuras manifestações.