Os desdobramentos da Operação Última Milha, da Polícia Federal, seguem repercutindo no espectro político brasileiro ao longo desta terça-feira (30). Entre os alvos, o ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem e o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Segundo a Polícia Federal, mais de 60 mil acessos de monitoramentos ilegais da Abin motivaram a operação deflagrada na segunda-feira (29).
Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, inclusive em Angra dos Reis, no Litoral Sul do Rio de Janeiro, onde Carlos Bolsonaro estava com o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Não houve prisões nesta operação e outros mandados de buscas foram cumpridos no Distrito Federal, Bahia, Goiás e Rio de Janeiro. O celular de Carlos Bolsonaro e pelo menos três computadores foram apreendidos.
A Polícia Federal revelou que houve uma troca de mensagens entre Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin, e Luciana Almeida, assessora do vereador carioca Carlos Bolsonaro. Em um diálogo mapeado pela investigação, a assessora falava sobre um inquérito policial relacionado à família do vereador.
A operação também mirou o militar do Exército Giancarlo Rodrigues, cedido à Abin durante o governo Bolsonaro. Um computador que pertence à Abin foi apreendido durante a operação da Polícia Federal no endereço dele. A esposa dele é servidora da Abin em Salvador, mas não foi alvo da operação.
A Polícia Federal revelou que esta nova fase avançou sobre o núcleo político do suposto esquema, identificando possíveis destinatários e beneficiários de informações geradas a partir do monitoramento paralelo às informações oficiais do serviço de inteligência oficial do Brasil.
As buscas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Caso indiciados, os investigados podem responder por invasão de dispositivo informático alheio; organização criminosa ou interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Advogados de Bolsonaro se manifestam sobre buscas em operação da ‘Abin’
Em uma transmissão nas redes sociais no domingo (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter criado uma “Abin paralela” para espionar adversários enquanto estava no governo. Ao lado dos filhos Carlos, Flávio e Eduardo, Jair Bolsonaro afirmou que informações dos serviços oficiais de inteligência não chegavam até ele.
“Eu não tenho inteligência da Abin, da PF, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica. Eu não tenho inteligência. Uma vez fui no Centro de Inteligência do Exército, o pessoal fez uma demonstração, eu falei: ‘E aí? Não chega nada para mim, só fica com vocês aqui”, disse o ex-presidente na transmissão, que durou mais de duas horas.
O ex-presidente disse que durante o governo dele, sua inteligência era o contato que mantinha com pessoas comuns. A defesa da família Bolsonaro divulgou uma nota em que fala sobre a operação.
“No momento da chegada dos agentes da Polícia Federal na residência, o ex-presidente e seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, não estavam no imóvel, pois haviam saído cedo para pescar em local próximo”, repercute.
O texto ainda complementa: “o tomarem conhecimento da busca que se realizava na residência do ex-presidente, todos retornaram imediatamente para acompanhar e atender plenamente ao mandado judicial, prestando os esclarecimentos necessários e colaborando com os agentes policiais”, finaliza a nota assinada pelos advogados Paulo Amador da Cunha, Daniel Tesser e Fábio Wajngarten.
*Com informações do portal R7