O advogado e produtor rural bolsonarista Jeferson da Rocha, de Florianópolis, virou alvo de pedido de indiciamento no relatório final da CPMI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e os bloqueios das estradas após as eleições de 2022. Ele nega envolvimento nos eventos e diz que vai tomar providências sobre o documento, aprovado na quarta-feira (18) pelos parlamentares.
Rocha faria parte de um grupo responsável por financiar o envio de caminhões para Brasília e pelos bloqueios rodoviários que aconteceram após o resultado das eleições de 2022, aponta o documento.
O relatório, lido na terça-feira (17) pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pede que o advogado seja indiciado e aponta que Jeferson da Rocha seria o porta-voz do MBVA (Movimento Brasil Verde e Amarelo), sendo um dos “principais interlocutores” de mobilização e de contestação do resultado das urnas.
“Jeferson da Rocha convocou bloqueios, contestou os resultados eleitorais no ‘Programa Sucesso no Campo’ a partir de 1º de novembro de 2022 e discursou na manifestação em Brasília em 15 de novembro do mesmo ano”, diz um trecho do relatório.
CPMI pediu indiciamento de advogado por três crimes
O relatório pede que Jeferson da Rocha seja responsabilizado pelos seguintes crimes do Código Penal:
- Art. 288: associação criminosa;
- Art. 359-L: abolição violenta do Estado Democrático de Direito; e
- Art. 359-M: golpe de Estado.
A discussão final e votação do relatório foi realizada na quarta-feira na CPMI, com aprovação de 20 a 11 entre senadores e deputados.
Além de Jeferson da Costa, Silvinei Vasques, ex-chefe da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e preso em Florianópolis em agosto, também foi indiciado pelos mesmos crimes.
O que diz o advogado
Rocha confirma que é um dos líderes do MBVA e que apoia Jair Bolsonaro desde antes do pleito de 2018. Ele se diz surpreso com a inclusão do seu nome no relatório final da CMPI, já que não foi ouvido pelos parlamentares.
“Eu recebi com perplexidade. Eu sabia da existência do requerimento para oitiva, estava à disposição, mas não fui ouvido. Foi um relatório unilateral e com alegações falsas e fantasiosas a meu respeito”.
O advogado ainda nega ter feito discurso antidemocrático em 15 de novembro de 2022, assim como não convocou o bloqueio das estradas federais, embora admita que tenha questionado a apuração dos votos — o resultado das urnas foi a motivação das manifestações nas rodovias. “Defendo voto secreto e apuração pública. Fiz tudo na legalidade, sem ruptura institucional”.
“O relatório diz que eu fiz um discurso no dia 15 de novembro, mas não fiz nada disso. Não participei e não fiz qualquer discurso nessa data. Jamais conclamei fechamento de rodovia. Sou produtor rural e entendo a necessidade de ter as vias liberadas. Tenho responsabilidade como produtor integrante do ramo. Jamais convocaria tamanha estupidez”, completa.
“Considero o relatório uma denunciação caluniosa e reagirei dentro do que a lei me permite. Estou com a cabeça erguida e indignado”.
Quem é Jeferson da Rocha
Nascido em Lages, na biografia de suas redes sociais, Jeferson da Rocha se apresenta como produtor rural em Campos Novos e advogado.
Ele pleiteou um cargo como deputado federal por Santa Catarina em 2022, mas não foi eleito.
Em vídeos nas redes sociais, Rocha se diz um dos fundadores do Movimento Verde e Amarelo, que segundo ele, deu palco para Jair Bolsonaro desde antes da eleição para a presidência.