Hacker afirma que Bolsonaro pediu fraude em urnas e prometeu indulto em caso de prisão

O hacker Walter Delgatti afirmou em depoimento nesta quinta-feira (17) que Jair Bolsonaro teria pedido a ele que fraudasse uma urna durante as eleições de 2022. O objetivo, segundo o hacker, seria colocar em cheque a credibilidade do sistema eleitoral. O  ex-presidente ainda teria garantido um indulto à Delgatti, caso ele fosse preso.

Hacker é investigado por participação em um esquema de inserção de alvarás digitais falsos de soltura e mandados de prisão no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões – Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/ND

A afirmação foi feita pelo hacker durante depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, nesta quinta-feira, em Brasília. Segundo Delgatti, Bolsonaro queria que ele “autenticasse a lisura das eleições, das urnas”. As informações são do Portal R7.

O marqueteiro do ex-presidente, Duda Lima, teria aconselhado então ao hacker que criasse um “código-fonte falso” para mostrar a possibilidade de invadir uma urna e fraudar as eleições, provando uma possível fragilidade do sistema.

Bolsonaro teria pedido a hacker que ele “autenticasse a lisura das eleições” fraudando propositalmente uma das urnas - Foto: Alan Santos/PR/Divulgação/ND

Ex-presidente teria pedido a hacker que ele “autenticasse a lisura das eleições” fraudando propositalmente uma das urnas e colocando em cheque o sistema eleitoral durante o pleito de 2022 – Foto: Alan Santos/PR/Divulgação/ND

“A ideia era pegar uma urna emprestada da OAB, acredito. E pôr um aplicativo meu para mostrar à população que é possível apertar um voto e sair outro”, afirmou o hacker, durante o depoimento nesta quinta-feira.

Delgatti está preso desde o início de agosto, depois de ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal.

Bolsonaro teria prometido indulto a hacker

Ainda durante o depoimento, Delgatti afirmou à CPMI que o então presidente, Jair Bolsonaro, teria garantido proteção especial a ele caso fosse pego pela justiça ao assumir um suposto grampo feito por agentes estrangeiros ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O hacker teria concordado em assumir o grampo – que poderia pôr em xeque a credibilidade de Moraes com o objetivo de anular as eleições – por ser uma “proposta do presidente da República”.

Bolsonaro ainda teria pedido a Delgatti que ele ficasse “tranquilo”. “Caso um juiz mande te prender, eu mando prender o juiz”, teria afirmado.

O R7 procurou a defesa do ex-presidente, que ainda não se manifestou. Nas redes sociais, o advogado Fabio Wanjgarten negou a existência do grampo ou de “qualquer atividade ilegal”.

Quem é Walter Delgatti

A convocação de Delgatti à CPMI do 8 de Janeiro foi um pedido da ala governista, que afirmou que o hacker tem “envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras”.

Ele foi preso no início de agosto, no mesmo dia em que mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A suspeita da justiça é que ela tenha contratado Delgatti para executar os crimes.

Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teria contatado Delgatti para cometer crimes – Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados/ND

O hacker já era figura conhecida pela participação do escândalo da “Vaza Jato”. Ele chegou a ser preso em 2019, suspeito de grampear telefones e e-mails de autoridades brasileiras e admitiu ter fornecido dados de conversas entre o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) e procuradores da Operação Lava Jato. Em outubro de 2020, Delgatti ganhou liberdade condicional.

A sessão da CPMI segue durante a tarde desta quinta-feira.

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